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sexta-feira, 24 de junho de 2011

O mercado não resolve tudo - Milton Santos


A globalização e suas técnicas aprofundam as desigualdades


 

O geógrafo Milton Santos, por conta de sua ciência e das circunstâncias da vida, que o obrigaram a vagar por terras estranhas, conhece o vasto mundo, de que fala o poeta, e, como cientista, procura a solução, desprezando a rima. Está com novo livro na praça (Técnica, Espaço, Tempo - Globalização e meio técnico-científico informacional, pela Editora Hucitec) e nele debate questões vitais de nossa época.

Nesta entrevista a Cadernos do Terceiro Mundo, colabora de forma magnífica para a composição deste painel de reflexões sobre o nosso tempo. Aponta com clareza os desafios que a globalização oferece aos países em desenvolvimento. Identifica, no caso específico do Brasil, que já alcançou certo desenvolvimento relativo, um movimento de retrocesso econômico e social, combinado com a ausência de um projeto nacional.

Milton Santos acredita, porém, que um "discurso de baixo" já elabora uma vacina de sobrevivência, a partir dos danos que sofre com as novas conformações dos interesses mundializados. E confia que nem todos os homens de pensamento se renderão, como tantos já fizeram.



O fenômeno conhecido como globalização caracteriza-se, como se pode depreender da leitura de seu recente livro Técnica, Espaço, Tempo - Globalização e meio técnico-cientifico informacional como o aproveitamento espacial em benefício das forças hegemônicas internacionais, não nacionais. É aceitável ou mesmo irrecusável admitir que o projeto nacional e soberania já não têm sentido?



- Na verdade, o processo de globalização acentua a tendência a que as forças hegemônicas da economia, da política e da cultura escolham os lugares que consideram mais favoráveis à sua realização plena. Essas forças hegemônicas são sobretudo globais, internacionais; mas são igualmente nacionais. Isso se dá porque a grande lei da atividade econômica hegemônica é a competitividade, superlativo de concorrência, indispensável à produção do maior lucro, da maior mais-valia e instrumento de permanência das formas atuais de globalização.



Se a globalização pode ser definida como movimento de dominação econômica (conseqüentemente política) semelhante a ondas anteriores (imperialismo, colonialismo, etc.), embora por meios técnicos diferentes, estaria havendo apenas um aprofundamento do mecanismo de apropriação da periferia pelo centro. Assim, países que avançaram economicamente, como o Brasil, correriam o risco de retrocessos econômico-sociais, com o desmonte de estruturas que oferecessem concorrência aos interesses hegemônicos?



- Não se pode dizer que a globalização é semelhante às ondas anteriores, exatamente pelo fato de que as condições técnicas de sua realização mudaram radicalmente. É somente agora que a humanidade está podendo contar com essa nova qualidade da técnica, providenciada através do que se está chamando de técnica informacional. Essa técnica, isto é, essas técnicas da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É assim que a periferia do sistema capitalista acaba sendo ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle. O caso do Brasil é ao mesmo tempo singular, em virtude de seu desenvolvimento relativo, e é típico, já que as atuais formas de sua inserção na globalização supõem o abandono da idéia de projeto nacional e produzem um claro retrocesso econômico e social.



O imperialismo, que caracterizou uma fase da expansão dos países industrializados, tem uma historia de ações militares para abrir mercados. A globalização transcorre, porém, de forma discreta e extremamente racional, com mortal poder de fogo de convencimento, via cátedra e mídia. A globalização dispensa a força?



- Não se pode dizer que a globalização tenha abolido as ações militares. Estas, inclusive, estão por trás dos processos comerciais, sendo a própria base da convicção final dos Estados envolvidos.

A guerra se faz a partir do comércio e de suas exigências produtivas e através da informação. É neste último sentido que a pergunta procede, já que a conquista dos territórios dos Estados e dos espíritos é realizada de forma racional, mas não tão discreta. O que se dá é que as formas como a força se manifesta são outras; mas o exercício da força através da cátedra e da mídia não é menos violento.



A globalização vem coincidindo com um processo que parece contradizê-la: a formação dos blocos econômicos regionais. O centro tem seus blocos: EUA/Nafta e Europa/UE. Japão e China parecem a caminho de um megabloco asiático. Os EUA forçam agora todo o continente para adoção da ALCA, se possível com a extinção do MERCOSUL. Como analisar estes dois conceitos e práticas que parecem teoricamente excludentes (globalização e blocos regionais)?



- A formação dos blocos econômicos regionais não contradiz a globalização. Ao contrário, na realidade os blocos econômicos regionais são uma condição para que a globalização complete seu caminho. A verdade é que, afora a União Européia, os outros blocos regionais têm como meta essencial e quase única facilitar o comércio entre um grupo de empresas privilegiadas. Sua preocupação é o mercado e não a política, por isso estão despreocupados com as questões culturais e sociais. E, no caso do MERCOSUL e da América Latina, a idéia de cidadania é praticamente desconhecida: tanto a idéia de cidadania ligada a cada Estado Nação, quanto a idéia de cidadania mundial. Desse modo, a forma como se desenvolvem atualmente os blocos econômicos regionais favorece a expansão e o fortalecimento do chamado mercado global e não a criação e o fortalecimento de uma comunidade humana universal.



Em recente programa (Roda Viva, da TV Cultura de S. Paulo), o Senhor considerou fraco o papel dos intelectuais na formulação do Brasil. Ainda são efeitos do regime militar? A universidade perdeu sua força de criação e contestação? A redemocratização cooptou os intelectuais para tarefas (esterilizantes) da burocracia? O pensamento que se destaca é o da adequação dos tempos da globalização?



- A fragilidade do papel dos intelectuais durante o regime militar e a atual fragilidade desses mesmos intelectuais frente ao processo brasileiro de globalização têm ambas relação com a natureza desses períodos históricos. Nos dois casos, o convite era para a adesão a um pensamento único. Na primeira situação, isto se dava mediante o uso da força ou a promessa de uso da força para calar os dissidentes, enquanto agora o silêncio ou quase-silêncio resulta de uma cooptação mais ou menos voluntária. Mas é agradável constatar que, ainda sob circunstâncias hostis, o Brasil atual assiste a manifestações brilhantes de intelectuais genuínos. O peso da burocracia que se abateu sobre as universidades constitui um convite ao pensamento técnico e burocratizado, desencorajando as manifestações propriamente intelectuais. É urgente reverter essa tendência, mas isso é apenas possível através de uma vontade firme de análise dos processos que estamos vivendo, antes de embarcar numa discussão puramente retórica e falsamente oposicionista, cada vez que utilizamos os mesmos parâmetros oferecidos pelo discurso da globalização.



A pregação da globalização ( privatização, desnacionalização, tecnificação) ignora urgências do dia a dia, como a imensa crise social que nossa urbanização experimenta, especialmente nas maiores cidades. O desemprego é considerado como uma fatalidade decorrente do despreparo do trabalhador, por exemplo. Esta é uma situação sustentável? O social passará a ser apenas um subproduto eventual das novas realidades?



- A resposta é não. Por enquanto, no caso do Brasil, a questão do emprego não tem merecido tratamento sério. Pode-se, entretanto, admitir que em pouco tempo esse problema merecerá outro cuidado, saindo da sua atual situação residual para se tornar uma questão política, diante da emergência de um impasse social.



O proposto Estado mínimo, associado à pregada força conformadora do mercado, será capaz de responder às imensas necessidades brasileiras de desenvolvimento?

- A resposta é não.



Em seu livro acima citado, o Senhor afirma em algumas passagens sua crença e esperança de que o local, o regional, atue como uma força capaz de enfrentar a desculturação que parece estar no cerne do movimento global e de sua agilíssima informação proveniente e conformada aos interesses hegemônicos. (A novela Ä indomada", da rede Globo, já transcorre parcialmente em inglês - talvez seja um pequeno sintoma). O país/sociedade em construção, que é o Brasil, oferece elementos para se contrapor/deglutir a onda?



- O lugar recria cultura, ele o faz a partir de um cotidiano vivido de modo distinto, mas coletivamente, por todos. Este cotidiano é um reflexo das condições de cada lugar e tem suas raízes fincadas no trabalho em todas as suas modalidades. É nesse sentido que o cotidiano territorializado ganha um papel novo, isto é, atribui às comunidades a possibilidade de se reverem e se redefinirem face à globalização, ampliando os horizontes da sua consciência, impondo novas visões de mundo, de cada país, de cada lugar ou região, e se transformando, assim, numa força política incontornável. No caso brasileiro, é o território com todos os seus lugares, mas sobretudo por suas grandes cidades, que revela a profunda crise da nação e o mal-estar que o processo de globalização está criando em toda parte. Esta descoberta já vem sendo feita por numerosos atores sociais e esta mensagem está se difundindo com grande rapidez. E dessa maneira é que se está produzindo um formidável "discurso de baixo", que contraria o "discurso de cima", isto é, o famoso discurso único, produzindo-se assim a semente da força com a qual o Brasil já começa a enfrentar e recusar a atual globalização perversa.



FONTE: Milton Santos entrevista para Revista Cadernos do Terceiro Mundo n° 200 Junho de 1997.




10 Anos Sem as Reflexões de Milton Santos

Reflexões de Um Mundo Pós Neoliberalismo



Estamos convencidos de que a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentos e outras classes obesas; o indivíduo liberado, partícipe das novas massas, e não o homem acorrentado; o pensamento livre e não o discurso único. Os pobres não se entregam e descobrem a cada dia formas inéditas de trabalho e de luta; a semente do entendimento já está plantada e o passo seguinte é o seu florescimento em atitudes de inconformidade e, talvez, rebeldia”1.

Milton Santos


A primeira vez que escrevi sobre o professor Milton Santos foi na seção (Espaço & Memória) da Revista Paranaense de Geografia nº 7, em agosto de 2001 para homenagear Milton pela sua passagem. Volto agora para refletir sobre os 10 anos sem Milton Santos. Não é bem uma homenagem póstuma, pois acredito que a maior homenagem que um intelectual pode prestar, e debater suas ideias, refletir sobre sua produção. Pois como costuma denunciar Milton, a maior parte da nossa Elite intelectual dominante gosta de falar, e tem ojeriza do pensar! Mais é também uma homenagem também, principalmente num país pouco acostumado a glorificar seus expoentes, como ele mesmo não se cansava de denunciar.

Escrever sobre Milton Santos exige muito rigor, reflexão, memória, respeito e também celebração, assim, lembro-me do tempo de estudante quando o vi pela primeira vez, em 1988, na sala de recepção do Hotel Lancaster, em Curitiba, por ocasião de sua conferência, sobre o papel do Geógrafo no Terceiro Mundo. Conferência proferida no Salão nobre da Caixa Econômica Federal, no centro de Curitiba. Esse Seminário foi um sucesso, pela primeira vez que participei da organização de um Evento Cientifico, nunca tinha visto tantas pessoas interessadas em debater, pois tínhamos saído de um período de repressão e silêncio.

Em conversas reservadas ele deixou transparecer suas magoas e  angústias da sua vida no exterior, a sua saída do Brasil, seu exílio por conta do golpe militar de 1964.

Na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 64, o ex-capitão do Exército Victor Hugo, reformado por "insanidade mental", mas encarregado de "missões especiais" no golpe, na Bahia, de arma em punho e aos berros, invadiu o 10º andar do edifício Napoli, bem em frente ao farol da Barra, em Salvador, para prender os moradores de seus quatro apartamentos: Entre eles o professor da Universidade Federal da Bahia e editorialista de "A Tarde", Milton Santos. (...) Em 64, Milton Santos já era mito e símbolo, na Bahia tão disfarçadamente racista.

(...) Em 1958, já voltava da Universidade de Estrasburgo, na França, com o doutorado em Geografia. Em 60, Jânio Quadros o conheceu na viagem a Cuba e, eleito, nomeou sub-chefe da Casa Civil na Bahia. Continuou fazendo pesquisas e livros ("Localização Industrial", "A Cidade como Centro de Região" e outros). (...)

A "Folha" diz que, "preso 60 dias em Salvador, só foi libertado porque sofreu um princípio de infarto". Errado também. Passou mal lá na prisão, mas não foi infarto, foi pancada! . Foi solto porque professores e intelectuais franceses, seus colegas em Estrasburgo, acionaram o historiador francês Fernando Braudel, um dos fundadores e pioneiros da USP (Universidade de São Paulo). (2) 

Em março de 2001 foi meu último encontro com o Milton na USP (eu havia levado uma transcrição de uma conferência sua em Curitiba para revisão), nossa conversa foi no seu gabinete de trabalho. Mesmo debilitado e abatido pela sua doença, trabalhou correndo contra o tempo, pois como ele mesmo disse, em minha vida já fiz muitas concessões, e não vou fazer mais concessões à minha doença, ele tinha pressa de vida.

Quando lançou seu último trabalho em vida; O Brasil: território e sociedade no início do século XXI, ele nos cobrava uma nova centralidade, na interpretação da formação territorial do Brasil. Aproveito essa oportunidade para conclamar todos àqueles que sempre estiveram do seu lado, seus alunos, seus colegas, seus admiradores, enfim todos que acreditam no seu pensamento e contribuição para continuar debatendo suas ideias. Precisamos manter sua posição no front, continuar seu trabalho de resistência e de intelectual autônomo, que em sua vida acadêmica ou em sua militância política, sempre foi fiel aos ideais de construção de uma sociedade mais justa e democrática.



"A educação corrente e formal, simplificadora das realidades do mundo, subordinada à lógica dos negócios, subserviente às noções de sucesso, ensina um humanismo sem coragem, mais destinado a ser um corpo de doutrina independente do mundo real que nos cerca, condenado a ser um humanismo silente, ultrapassado, incapaz de atingir uma visão sintética das coisas que existem, quando o humanismo verdadeiro tem de ser constantemente renovado, para não ser conformista e poder dar resposta às aspirações efetivas da sociedade, necessárias ao trabalho permanente de recomposição do homem livre, para que ele se ponha à altura do seu tempo histórico." 3.



Devido sua atualidade, e sua visão profética do futuro da Globalização Perversa (neoliberalismo), e a oportunidade de mostrar as novas gerações seu legado intelectual, faço a seguir uma síntese da sua contribuição para interpretação e análise do espaço geográfico, ou como ele formatou e definiu o Território Usado.

Milton Santos (1982, p.10) lembra que a formação econômica e social apesar de sua importância para o estudo das sociedades e para o método marxista, não mereceu, durante um longo período, estudos e discussões que levassem a renovar e aperfeiçoar o conceito, só  recentemente retomou-se o debate.

Para Sereni (1974 apud Santos, 1982, p.11) esta categoria expressa à unidade e a totalidade das diversas esferas – econômica, social, política, cultural – da vida de uma sociedade, daí a unidade de continuidade e descontinuidade de seu desenvolvimento histórico.

A noção de formação econômica e social foi elaborada por Marx e Engels (SANTOS, 1982 p.19) e a partir deste conceito Milton Santos pensando na importância da formação da sociedade e o papel do espaço, lançou seu modelo de Formação Sócio Espacial.

A importância de estudos desta natureza se deve a interpretação totalizadora, pois considera no estudo da realidade a relação entre elementos naturais e humanos em múltiplas escalas possibilitando compreender uma determinada realidade dentro de um universo mais amplo.

Foi o único brasileiro e receber um prêmio equivalente ao "Nobel", Vautrin Lud, em 1994.  Ao receber o prêmio o professor Milton Almeida dos Santos foi descoberto pelo grande público brasileiro. Prêmio comparável a um Nobel para a Geografia, o prêmio abriu-lhe as portas dos principais meios de comunicação. Sob a mira dos holofotes, passou a ter que administrar sua exposição à mídia - um problema para quem, crítico feroz dos processos que desumanizam o homem no fim de século  XX, prefere "manter-se outsider" e vê na solidão "uma necessidade do intelectual".  A vaidade  ̶  dizia Milton Santos  ̶  é o fio da navalha do intelectual: se por um lado é seu alimento, por outro pode levá-lo ao acomodamento.

No ano em que faleceu publicou "Por Uma Outra Globalização" e “Brasil: Território e Sociedade no Século XXI", obra que considerava síntese de suas ideias. Estruturava um novo livro O mundo pós-globalização - o período popular da história, que infelizmente não pode concluir. A "EDUSP", esta reeditando toda sua obra.

Milton Santos faleceu aos 75 anos no dia 24 de junho de 2001 após uma semana de internação em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado em 1994. Desde então, o professor intensificara seu trabalho.

O Brasil perdeu um grande homem concorde-se ou não com suas ideias!



 (1 e 3) Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal, Record, Rio de Janeiro, 2000.

(2) Sebastião Nery.

  

Breve Biografia


Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas-BA em 03 de maio de 1926. Os pais, professores primários, o alfabetizaram em casa. Aos 8 anos, já havia concluído o equivalente ao curso primário. Neto de escravos por parte de pai foi incentivado a estudar sempre e muito.

Os benefícios de sua aplicação nos estudos o país nunca poderá negar, mas o geógrafo confessava uma frustração: embora Alcobaça seja um pedaço de terra entre o Oceano Atlântico e um rio, Milton, sempre às voltas com livros, nunca aprendeu a nadar. Da mesma forma, nunca participou das peladas e jamais entrou num estádio de futebol.

Já em Salvador, custeava suas aulas no colégio lecionando Geografia na própria escola aos alunos do que seria atualmente o ensino médio. Depois, incentivado por um tio advogado, cursou Direito. Diplomado, não chegou a exercer a profissão; prestou concurso público para professor secundário e foi lecionar Geografia em Ilhéus. Iniciou, então, carreira repleta de desafios, não raro impostos pela sua condição de negro.

Rodou o mundo, estudando e lecionando, numa trajetória impressionante. Aprendeu e ensinou na Europa, Américas e África. Fez trabalhar em seu favor o doloroso exílio que a ditadura militar lhe impôs por treze anos.

Foi um geógrafo sério e combativo. Não poupou ninguém de suas severas críticas.

Nós Ficamos órfãos do Milton em 24 de junho de 2001, a saudade toma o lugar de sua presença generosa, do seu sorriso aberto, de sua fala firme e suave, ficando a certeza de termos convivido com quem soube, mais do que ninguém, defender a construção de um mundo mais humano.