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domingo, 28 de agosto de 2011

Seria cômico se não fosse lógico


Seria cômico se não fosse lógico*


Zeno Soares Crocetti


"Sentir profundamente a injustiça praticada contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, é a qualidade mais bonita de um revolucionário."
(Ernesto (che) Guevara)


Vivemos hoje um processo de mudanças significativas nas relações sociais e políticas na sociedade brasileira... e na educação?

MUDANÇA JÁ... OU JAZ...
A consciência da possibilidade da mudança, da transformação, pode ser atingida através do conhecimento da historicidade da sociedade. É esse um dos papéis da escola, se despojada da sua deformação, que objetiva formar homens incompetentes sociais e políticos, realizando com a educação o que Taylor realizou com o trabalho, ou seja, parcelar, fragmentar, limitar o conhecimento e impedir o pensamento a fim de bloquear toda a tentativa concreta de mudança. Isso se evidencia quando se questionam fatores menores, em detrimento de um trabalho global. Essas pressões atrapalham os professores comprometidos com a educação integral, pois estes buscam, com os alunos, uma compreensão de si e da realidade como algo real, que é criada e recriada diariamente, para juntos atingirem o objetivo da educação plena, que é despertar a consciência do aluno, não no sentido de fazer dele um revoltado, mas, ao contrário, fazer do aluno um cidadão pleno nos seus direitos, ligado à comunidade a que pertence.



 
ESCOLA, FÁBRICA DE MENTES DÓCEIS?...
Os professores, agindo dessa forma, impedem a prática da "educação tartaruga", aquela que recolhe a cabeça para dentro da casca e anula, assim, todos os sentidos; escondendo-se, fechando-se para seu mundo. Nada ameaça e passa a ensinar o espírito da covardia e do medo, formando o homem para ser obediente, servil, pacífico, incompetente, a fim de depositar todas as suas esperanças num Messias. Creio que a escola tem hoje um papel fundamental, que é o de formar e criar elites dirigentes, tanto no plano da produção material quanto no da produção intelectual, e não adestrar mão-de-obra dócil para um mercado sempre incerto.

MUDO, MUDE O MUNDO...
Uma das formas fundamentais do exercício da dominação é roubar de um sujeito o seu direito à palavra, o direito de pensar em voz alta. Quando se rouba de alguém o direito à palavra, esse roubo de um grupo ou classe social não é casual, ele é um exercício de dominação. Então é muito importante que se fale, essa é uma tarefa política muito importante.
Educadores uni-vos e falai-vos...

* Publicado no Jornal Vapt Vupt, Curitiba, Ano 2, nº. 3, dezembro de 1992, p. 4.

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