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sábado, 5 de dezembro de 2015

Uma Canção Para o Rio Doce

Rio Doce



Barre a barragem do barro,

do barro que cospe a lama,

da lama que mata a vida,

da lama de quem não ama,

da lama que afoga o peixe (não deixe),

não deixe que apague a água (não traga

o minério, esse rejeito – sem jeito).

Barre a barra desse ferro da terra,

não barre a água.

Barre o aço, esse rejeito (não quero),

não tem jeito, tem sujeito,

tem nome, tem inscrição.



Barre a barragem do barro que come

a água dessa nascente que some.

Barre a fome dessa lama de fama

que come a água e bebe o sangue da ave:

da ave que come o peixe,

da cobra que come a ave,

da ave que engole o peixe

do peixe que bebe a lama.



Barre a barragem do barro, não fosse

o rio doce desse pranto que canto.

Não barre a vida querida,

não barre a água.

Barre o barro,

barre a lama;

só não barre o sopro desse rio,

desse rio de quem te ama.



Caibar P. Magalhães Júnior                            http://www.concursocec.com.br/_files/cursos/professores/images/36d6366d05451f9a33836406481dddc6.jpg

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