Rússia responde aos EUA com base aérea na Bielorrússia
27/04/2013
Gazeta
Russa
Criação
de base soa como retaliação russa aos planos americanos de instalar escudo
antimíssil na Europa.
Ilustração:
Niyaz Karim
As negociações do ministro da
Defesa russo, Serguêi Choigu, com seu homólogo bielorrusso, Iúri Jadobin, e o líder
do país, Aleksandr Lukachenko, foram seguidas pelo anúncio da instalação de uma
base aérea russa na Bielorrússia.
Após sua viagem ao país vizinho,
Choigu adiantou que primeiro será instalado um posto de comando e, na
sequência, chegará um grupo de pelo menos três aviões de caça. Até 2015, a base
aérea russa na Bielorrússia deve abrigar um regimento de aviação militar.
“No futuro, esperamos solucionar
questões relativas ao aumento da capacidade defensiva de nossos colegas e
irmãos bielorrussos”, declarou o ministro. A Rússia entregará ainda quatro
divisões de sistemas de mísseis antiaéreos S-300 em 2014.
Entretanto, as razões que motivam
a criação de uma base aérea na Bielorrússia não se limitam ao fortalecimento do
parceiro. Em primeiro lugar, ambos os países são aliados estratégicos no
âmbito da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC).
A Rússia, que já está presente
militarmente na Bielorrússia, mantém um radar do sistema de aviso prévio contra
mísseis perto da cidade de Baranovichi e uma estação de comunicação de alta
frequência com navios em missão de serviço em mares e oceanos perto de Vileik.
Além disso, a resposta para a
atual iniciativa russa pode ser encontrada nas ações da Otan (Organização do
Tratado do Atlântico Norte), que instalou uma base aérea perto da cidade de
Siauliai, na Lituânia. Lá mantém em estado de alerta quatro caças bombardeiros
F-16, capazes de transportar bombas nucleares de queda livre B61 armazenadas em
cinco países da Otan (Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia). Para a
Rússia, essas bombas podem se tornar armas estratégicas, uma vez que podem ser
lançadas de Siauliai para Minsk ou Moscou em 15 minutos.
Por fim, vale lembrar também dos
planos dos EUA de instalar na Polônia elementos de seu escudo antimíssil,
encarado pelo governo russo como um meio de neutralização de seu arsenal de
dissuasão nuclear. Apesar de Washington ter sugerido modificações para afastar
os receios da Rússia, as mudanças concebidas não diminuem a preocupação do lado
russo. Assim, a base área na Bielorrússia pode ser uma resposta à aparente
ameaça norte-americana.
Diante das especulações, o
presidente bielorrusso Aleksandr Lukachenko se adiantou dizer que os exercícios
militares russo-bielorrussos “Oeste 2013”, marcados para setembro deste
ano, não atentam contra os poloneses, países bálticos nem a Otan. “Mas se eles
empreenderem algumas ações inamistosas contra nós, haverá retaliações”,
arrematou Lukachenko.
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